Sabado, 11 da noite.
Entro no bar, sento na cadeira e o garçom vem a mim dizendo:
-Fala aí cabelo, qual vai ser hoje?
-Uma vodca, baixinho, sem gelo por favor.
-É pra já cabelo.
Ao fundo uma música tao calma que chega a ser de total irrelevancia aos bebados do local. No bar se encontra de tudo: jovens, velhos, bebados, vagabundos, sodomitas, putas; Um antro do caos onde se pode ter o que quiser pelo preço de uma bebida.
O garçom se aproxima com a bebida.
-Aqui esta cabelo, nao exagere hoje por favor.
-Relaxa baixinho, hoje nao é dia de comemoraçao, eu estou calmo.
-Voce esta avisado, cabelo. Nao podemos fechar hoje o bar no dia seguinte ao meio dia, das 4 da manha voce nao passa.
-Baixinho, voce esta muito chato hoje sabia?
-Entao bebe a vodca, cabelo.
A vodca quente desce rasgando pelo esofago mesmo assim causa um prazer entorpecedor. Olho ao redor do bar quando encontro ela: pele branca, cabelos vermelho sangue, vestido tao vermelho quanto o seu cabelo e um olhar tao misterioso quanto uma gruta escura.
Os olhares se cruzam momentaneamente, um sorriso nasce do rosto daquela mulher misteriosa. O garçom chega a mesa dela com uma taça com alguma bebida destilada.
A cada gole uma troca de olhares, a cada troca de olhares um momento de vida imaginario, a cada momento uma indagaçao: “Como seria pasar a noite com ela? Como ela deve ser na cama? Como seria a vida com ela?”; Acaba a primeira dose, chamo o garçom mais uma vez.
-Baixinho, traz mais duas doses.
-Xá comigo cabelo.
As doses descem rasgando assim como a euforia começa a se fazer presente.O tempo passa, os olhares continuam. Eis que aparece um homem que se senta de frente para a mulher misteriosa, ele pede uma cerveja ao garçom e pronuncia uma série de coisas que ela nunca fez questao de saber, a insatisfaçao esta estampada no olhar daquela mulher.
As doses mais uma vez acabam, chamo o garçom mais uma vez.
-Baixinho, mais 2 e sirva aqla moça ruiva uma taça de martini por favor.
-Cabelo, nao vá fazer merda aqui, ela esta acompanhada.
-Foda-se baixinho, faça o que eu mando, nao precisa dizer que fui eu, diga que é uma cortesia da casa.
-Voce esta querendo se fuder, cabelo, nao faça isso.
-Apenas faça o que eu te peço, baixinho.
-Ok mas é por sua conta e risco.
-Relaxa baixinho.
Minhas doses chegam e o baixinho se aproxima da mesa da ruiva, o homem esbraveja perguntando quem foi que mandou aquela bebida a sua mulher enquanto que ela sorri para mim. Os pensamentos mais uma vez voltam a me perturbar: “O que uma mulher tao linda esta fazendo ao lado de um merda como esse?”, O homem começa a discutir com a ruiva que mais uma vez ignora tudo o que ele diz; ele, cansado de esbravejar e ser ignorado por sua suposta mulher sai possesso de odio do bar, cantando pneus com o seu carro. A ruiva termina sua taça de martini e pede ao baixinho um guardanapo, escreve alguma coisa e entrega ao garçom.
Baixinho apos receber o papel vem em direçao a minha mesa, chega a mim e diz:
-Cabelo, a ruiva te mandou isso, pronto voce ja fez a merda que queria.
Abro o guardanapo e leio.
‘Você é um tanto quanto abusado em mandar para mim uma taça na frente do meu namorado, sabia?’
Rio enlouquecidamente e peço mais duas doses de vodca e uma de martini, mas dessa vez que ele deixe na minha mesa.
As doses chegam, a ruiva olha mais uma vez para mim, nesse momento sou tomado por um frenesi de loucura e embriaguez e vou em direçao a ruiva. Estou de frente a ela, mesmo sem saber ao certo o que estou fazendo falo:
-Aceita mais uma dose?
-Claro, mas porque nao vamos para a sua mesa?
-Entao vamos, é só me acompanhar.
Nos sentamos e começamos a conversar:
-O que passou na sua mente em fazer isso?
-Isso o que?
-Oferecer uma bebida a mim.
-Nao passou nada na minha mente, so queria prolongar a troca de olhares.
-Agora voce tem mais do que uma troca de olhares...
-Eu sei disso, seu namorado nao vai voltar mais nao?
-Aquele corno nao é importante no momento, me fale de voce.
-O que voce quer saber?
-O que voce fazer num bar desses numa noite dessas?
-Estou tendo a dose diaria de alegria proveniente do etanol, e voce?
-Estou esquecendo um merda que passou na minha vida.
-O alcool esta ajudando nisso?
-O alcool nao, mas quem sabe uma companhia pode ajudar...
-Vamos sair daqui?
-Estava esperando voce dizer isso...
Nos levantamos e pago a conta do bar. Me despeço do baixinho e vou em direçao ao motel quando ouço um toque ao fundo aumentando gradativamente, um toque perturbador...
-Puta merda, mais um sonho, caralho que horas sao?
11 horas da noite o meu telefone esta berrando, atendo a chamada.
-Porra cara onde voce esta, ta perdendo o aniversario, caralho!
-Ja estou saindo, relaxa viado.
Vou para o banho pensando no sonho que tive e desejando um dia que isso fosse verdade...
Como sempre, adoro o que você escreve. *-*
ResponderExcluirMuito bom, texto fluente e agradável de ler.
ResponderExcluirJá virei fã :D